Robusta cede e deve pesar sobre o arábica, por Rodrigo Costa 5p1w1a
Os Estados Unidos ameaçam impor tarifas em mais de cinquenta bilhões de dólares de importações vindas da China, e os chineses prometem retaliar impondo taxas em três bilhões de dólares do que importam dos americanos – uma grande diferença que indica o “desequilíbrio” do comércio exterior entre os dois países tanto alardeada por Donald Trump. 2533f
As bolsas americanas cederam na semana entre 5.67% e 7.29% frente às declarações, apesar do FED ter sinalizado um total de três incrementos de juros em 2018, incluindo o desta semana – um a menos do que se especulava para este ano. Os índices de ações europeus caíram entre 2.31% e 4%, e a perda do IBOVESPA foi amenizada pelo corte da SELIC e a retirada de tarifas ao aço brasileiro exportado para a América.
O índice do dólar se manteve no mesmo intervalo dos últimos trinta dias, assim como o CRB, embora o primeiro tenha escorregado um pouco e o último apreciado levemente. O café em Nova Iorque encerrou nas mínimas do contrato de maio, influenciado negativamente pelo tombo do robusta – este buscou os níveis de junho de 2016.
O Real teve uma performance negativa parcialmente em função da diminuição do spread da SELIC contra o Fed Fund rate e talvez pelas lambanças jurídicas que são dignas de uma democracia longe de inspirar confiança – a sorte do país é estarmos nadando em um mar de liquidez mundial.
O contrato “C” tentou na quarta-feira se manter acima da média-móvel de vinte dias, mas não teve jeito. Aparentemente o volume de vendas de origens foi suficiente para segurar alguns especuladores que se animaram em comprar um pouco o mercado.
Na sequência tivemos o resumo do movimento de baixa, forçando a liquidação de uma parcela de compras de alguns fundos que andaram ficando long no terminal recentemente, encontrando interesse de fixação de torradores, que não deixaram as cotações despencar demasiadamente.
O fluxo no mercado físico ficou ainda mais fino com a fraqueza das duas principais bolsas, firmando o diferencial, mesmo que nominalmente.
A sensação dos estoques no destino serem confortáveis, com as 6.5 milhões de sacas armazenadas nos Estados Unidos ao fim de fevereiro serem apenas 88 mil sacas a menos do que em janeiro, preocupam pouco as ofertas picadas, dada a chegada do verão no hemisfério-Norte e da safra brasileira.
Honduras e Colômbia tem disponibilidade dosada pelos produtores, em um misto de chateação com os preços correntes e falta de necessidade de venda, no momento.
No Vietnã um importante participante mundial citou que os preços da pimenta estão ligeiramente acima do café robusta, tirando a alternativa de vendas dos produtores locais que cultivam os dois produtos. Talvez por isso mesmo que Londres tenha despencado, prejudicando também os produtores de conilon no Brasil.
No frigir dos ovos a performance do robusta, com a disponibilidade presente e futura desta variedade, tanto no Brasil como no Vietnã, pode ser um dos grandes responsáveis para empurrar as cotações do arábica ainda mais para baixo.
Quem precisa comprar café vai continuar dosando as compras, até porque se eles têm de pagar caro, melhor protelar e ir digerindo o basis mais alto paulatinamente.
Os altistas (sobrou algum?) tentam manter a esperança no novo-velho argumento dos fundos terem novamente atingido um novo recorde de posição vendida, que soma 28.72 milhões de sacas convertidas em sacas de 60kg, ou mais de 80% das exportações do Brasil no próximo ciclo. Os comercias tem outras 29.58 milhões de sacas vendidas, basicamente o estoque mundial, give or take.
Esta antecipação de vendas dos fundos nos dá a impressão que as vendas dos produtores serão feitas contra as liquidações dos especuladores, já que os comerciais também já compraram 31.46 milhões de sacas, segundo o último relatório dos comitentes (COT).
Tecnicamente seria importante ver Nova Iorque os 116.50 centavos por libra do contrato spot, agora o maio, para não buscar os 113.00 centavos e finalmente 110.00.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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